quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ana Paula Araújo conta como chegou ao "Jornal Nacional"


A ocupação policial do conjunto de favelas da Penha e do Complexo do Alemão, que aconteceu em novembro do ano passado, teve um saldo positivo para Ana Paula Araújo, de 38 anos. A apresentadora e editora-executiva do "RJTV - 1ª Edição" viu a prisão de Zeu -considerado um dos responsáveis pela morte do colega Tim Lopes, em 2002- e ainda conseguiu chegar até a bancada do "Jornal Nacional", substituindo a jornalista Fátima Bernardes uma vez por mês. "Acho que essa cobertura foi um divisor de águas na minha vida. Houve uma grande repercussão e, em vários momentos da transmissão, a gente entrava em rede nacional", lembra Ana Paula, que ficou seis horas direto no ar nas televisões cariocas.

O feito rendeu piadas no Twitter. "Libertem a Ana" e "Ana Paula é campeã mundial em prender xixi" foram algumas das frases bem-humoradas que circularam pelo microblog. A jornalista levou três dias sem conseguir ver sua filha Melissa, de 5 anos, acordada. "Saí de casa e ela estava dormindo, Como voltava tarde do trabalho, a encontrava dormindo novamente", conta ela, que nasceu no Rio, mas foi ainda bebê para Minas Gerais. Ana Paula decidiu cedo que seguiria a carreira jornalística. Ela entrou na faculdade aos 17 anos e, aos 18 se mudou para o Rio para concluir o curso de Comunicação Social e buscar novas oportunidades de emprego. Se formou na Universidade Federal Fluminense aos 20 anos e, antes da Globo, passou por uma rádio em Juiz de Fora, pela CBN e pela extinta TV Manchete. A seguir, em uma entrevista exclusiva, Ana Paula fala sobre sua vida e o que mudou em sua carreira após a cobertura da invasão policial que resultou na pacificação das comunidades.


Quem mora no Rio de Janeiro, acompanhou que você ficou seis horas direto no ar cobrindo a ocupação policial do conjunto de favelas da Penha e do Complexo do Alemão, em novembro do ano passado. Durante todo esse tempo no ar, como você fez para ir ao banheiro e se alimentar?
Para ser sincera, no primeiro dia da cobertura eu nem tive vontade de ir ao banheiro mesmo. Eu também estava chocada com tudo o que estava acontecendo e nem senti fome. Me alimentei com suco de laranja e Toddynho. No primeiro dia, cheguei na emissora às 5h da manhã e só saí de lá às 8h da noite. Tomei banho antes de ir para o trabalho e na hora em que cheguei em casa, à noite.

Você ficou visivelmente emocionada quando a polícia prendeu o traficante Zeu, considerado um dos responsáveis pela morte do jornalista Tim Lopes, em 2002. Foi o momento mais difícil da transmissão?
Sim. Gostava muito do Tim. Ele era um cara boa praça, que estava sempre de alto astral. Lembro que ele organizou um sambão na quadra da Mangueira para comemorar o aniversário de 50 anos. Na hora em que o Zeu foi preso, eu lembrei de tudo isso e me deu vontade de chorar.

A cobertura da ocupação policial te deu projeção nacional. Você acha que sua atuação foi importante para ser alçada ao Jornal Nacional?
Com certeza. Foi um trabalho gratificante.

Sua estreia no "Jornal Nacional" aconteceu no dia 8 de janeiro. Você ficou nervosa?
Não fiquei nervosa. Fiquei emocionada. O "Jornal Nacional" funciona diferente do "RJTV". No "JN" a gente tem um teleprompter e lê a notícia. No "RJ" isso não acontece. É ao vivo e sem texto. Antes de ir ao ar, a gente faz uma reunião de pauta e faz uma espécie de ensaio do jornal antes de ele ir ao ar.

Substituir a Fátima Bernardes uma vez por mês no "Jornal Nacional" tem um peso?
Existem muitas pessoas sensacionais no jornalismo e a Fátima Bernardes é uma delas. Ela tem um carisma incrível. Foi uma emoção enorme substituí-la. Conversei com ela antes de estrear e a Fátima me deu a maior força. Ela é uma pessoa muito generosa.

Você disse que existem muitas pessoas sensacionais no jornalismo. Quem mais está incluído na sua lista além da Fátima?
O Pedro Bial, que fez uma carreira brilhante e continua ótimo como apresentador do "Big Brother Brasil".

Que boa notícia você gostaria de dar?
Gostaria de anunciar que acabou a violência no Rio.

Lembra de um momento inesquecível pelo qual tenha passado em alguma cobertura?
Cobri o desabamento do Morro do Bumba, em Niterói, no ano passado. Tudo lá era muito difícil. As pessoas estavam desesperadas, o resgate dos corpos era doloroso para as famílias e as condições de trabalho eram complicadas porque a gente não tinha onde comer ou beber água. No terceiro dia de cobertura, chegou uma senhora com um filho que queria me conhecer. Nessa hora, não segurei a emoção. Chorei muito.


Já aconteceu alguma situação inusitada nesses 20 anos de jornalismo?
Sim. Uma delas foi no ano passado, quando houve aquela enchente no Rio de Janeiro. Eu moro em São Conrado e estava saindo do prédio para ir para a emissora quando vi que a rua estava completamente alagada. Coloquei a primeira marcha e fui saindo do prédio quando um carro passou correndo e fez aquela onda. Meu carro parou. A minha sorte é que tinha uma obra por perto e os funcionários empurraram meu carro até o posto de gasolina. Mas eu ainda precisava chegar no Jardim Botânico e o carro não ligava. Foi quando passou um carro da polícia e eu dei um grito, pedindo ajuda. Um dos policiais que estavam na viatura me viu e disse: "entra aí, Ana Paula". Eles me levaram até a Lagoa e de lá, consegui falar com a TV. Eles mandaram um carro alto para me buscar. 

A televisão é uma grande vitrine. As pessoas te abordam nas ruas?
As pessoas me param para falar do meu trabalho. Tem gente até que sugere pautas. Para mim, é maravilhoso receber o carinho das pessoas.

Qual foi o momento mais importante da sua vida?
O nascimento da minha filha, Melissa, foi o que mudou a minha vida. Nunca tive sonhos de ter filhos. Não era o meu sonho dourado. Quando ela chegou, tudo mudou. Sinto um amor incondicional agora.

O que você faz quando está de folga?
Sempre aproveito para estar com a minha filha. Viajo com ela. Já fomos para Búzios, Juiz de Fora, onde tenho família, Nova York, Flórida...

Sua filha te assiste na televisão?
Ela me assiste muito pouco. Outro dia, ela falou que queria ser jornalista. Senti que ela tem um certo orgulho da mãe [risos].

O que você vê na televisão?
Vejo todos os jornais. E a novela das nove também. Gosto muito do "Jornal das Dez", da Globo News. Além disso, assisto aos desenhos do [canal pago] Discovey Kids com a minha filha e vejo os seriados da TV fechada. O meu preferido é o "30 Rock".

Você é casada com Christiano Londres, um dos sócios da rede de restaurantes Outback. Como faz para manter a forma?
Indo ao restaurante japonês [risos]. Procuro me alimentar bem, mas sem paranoias. Minha perdição é coxinha de galinha e "fast food". Agora estou malhando, depois de muito tempo parada. O Manoel [Lago, personal] reclama muito porque uso qualquer desculpinha para não malhar. Na época em que estava cobrindo a Guerra do Tráfico, surgiu uma história de que eu iria posar para a "Playboy". Manoel me ligou e disse que era melhor eu não aceitar [risos].

Mas você aceitaria um convite da "Playboy"?
Não! Não tem nada a ver com a minha profissão.

O que ainda falta para que você se sinta realizada profissionalmente?
Sou muito feliz com o que faço hoje. Claro que a gente sempre tem novos desafios. Mas sou uma pessoa muito feliz com o que faço. Dou muito valor às coisas que eu tenho.

Fonte: UOL TV

Um comentário:

  1. Ana Paula e simplesmente nossa melhor apresentadora. Diccao perfeita. Parabens linda.

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