segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Troca de artistas acirra disputa entre Globo e Record


O mercado da teledramaturgia está mais aquecido do que nunca. A disputa entre a Globo e a Record -proprietárias dos principais núcleos de teledramaturgia do país- por melhores atores tem provocado um entra e sai frenético de artistas nas emissoras, criando um movimento que antigamente não era visto na TV brasileira.

A rede do bispo Edir Macedo está ganhando espaço e entrou na briga pela preferência do público.

Em uma das batalhas mais recentes, a Globo "pegou'' de volta uma gama de artistas que havia migrado para a concorrente há cerca de cinco anos. Entre eles, Gabriel Braga Nunes, que retornou à antiga casa em um lugar de destaque: ganhou o papel que era para ser de Fábio Assunção em "Insensato Coração''.

"Fui bem recebido por todos, até porque tenho muitos amigos na emissora. A Globo é uma empresa grande, e a Record, por sua vez, está bem estruturada. Isso é bom para o mercado'', disse o ator, na festa de apresentação da novela das nove.

Tuca Andrada, Lavínia Vlasak, Petrônio Gontijo e Nathália Rodrigues pegaram carona na boa maré. Deixaram a Record e garantiram espaço no concorrido elenco global. As belas conseguiram participações especiais no folhetim das nove, e Tuca entrou para o elenco de "Cordel Encantado'', próxima novela das seis.

No caminho inverso, Betty Lago abandonou um papel em "Um Mundo Melhor'', que seu amigo Miguel Falabella estava escrevendo especialmente para ela, e se jogou de cabeça no desafio de conquistar um espaço próprio na Record. Em "Vidas em Jogo'', próxima produção da rede, ela será uma doméstica que ganha na loteria.

Filha de Paulo Goulart e Nicette Bruno, dois atores globais consagrados, Beth Goulart também foi para a Record atuar em "Vidas em Jogo''. "Será uma personagem maravilhosa, em uma novela instigante, com bons atores e a direção sensível do Alexandre Avancini. Tudo isso possibilita uma oportunidade de crescimento e renovação'', analisa.

Não há dúvida de que, com a concorrência, tanto o telespectador quanto os atores saem ganhando. "O fortalecimento da Record gera competitividade, e o público pode distinguir o que é bom e o que é ruim. A Record está se consolidando cada vez mais. Prova disso é "Sansão e Dalila', que foi um produto de grande qualidade'', afirma Claudino Mayer, pesquisador em teledramaturgia da USP (Universidade de São Paulo) e autor do livro "Quem Matou... O Romance Policial na Telenovela''.

Protagonista da minissérie citada por Mayer, Mel Lisboa também é uma "migrante''. Aceitou a proposta da Record no início de 2010, após um período na geladeira global. "Fiquei muito tempo contratada sem ser usada. A gente tem que estar feliz, trabalhando, e eu não estava.'' Satisfeita com a sua atual situação, ela considera a ampliação do mercado uma vitória para todos que trabalham na TV. "Qualquer monopólio é ruim. E isso não é só para os atores, mas para equipe técnica, cabeleireiro, maquiador... A oferta aumentou muito a partir do momento em que a concorrência ficou mais consolidada. Agora, há mais opções'', afirma.

Mesmo os artistas empregados, como é o caso de Oscar Magrini, que tem compromisso com a Globo até o fim do ano, não descartam a possibilidade de mudar de empresa. "Se não rolar a renovação do contrato, e eu for chamado para conversar, vou. Por que não? Eu amo o que faço e quero atuar sempre.''

Ala dos sem-contrato - Apesar da ameaça da concorrência, a Globo tem deixado alguns atores à solta por aí. Atrizes de destaque da empresa, Camila Morgado e Maria Fernanda Cândido não tiveram seus contratos renovados, e Ana Paula Arósio foi dispensada após faltar às gravações de "Insensato Coração''. "Agora, os famosos têm a possibilidade de mostrar o seu trabalho em outra emissora. Eles não ficam soltos ou desempregados, pois o mercado se ampliou'', explica Mayer.

Os mais cotados, por sua vez, optam por não ter nenhum vínculo empregatício, como Rodrigo Santoro e Selton Mello, que preferem ter liberdade para tocar projetos paralelos, como cinema e teatro, mas são chamados para grandes produções e participações especiais.

Fonte: Jornal Agora Sul

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