quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Lícia Manzo, autora de “A Vida da Gente”


Lícia Manzo estreou como autora aos 15 anos, assinando o primeiro texto encenado pelo Grupo Além da Lua, fundado por ela e vencedor do Prêmio Molière como o melhor grupo de teatro para crianças, em 1984.  Há 14 anos na TV Globo, escreveu para os humorísticos ‘Sai de Baixo’, ‘

Retrato Falado, ‘A Diarista’, entre outros, e foi redatora final do seriado ‘Tudo Novo de Novo’, com direção geral de Denise Saraceni, em 2009.

Mestre em Literatura Brasileira pela PUC/Rio, publicou o ensaio biográfico “Era uma vez: eu - a não-ficção na obra de Clarice Lispector”, indicado para o Prêmio Jabuti, em 2003.  Autora do sucesso “A História de Nós 2” (indicado para o Prêmio Shell na categoria melhor texto),  assina ainda o texto do espetáculo “Aquela Outra”, com direção de Clarice Niskier, e estreia prevista para novembro, no Rio de Janeiro. 

O que significa escrever pra você?
Escrever é uma maneira de compreender o mundo. De alquimizar o que se vive, de projetar e misturar experiências de vida. É algo realmente íntimo para mim. Eu me interesso por gente. Gosto de relações humanas, de pensar sobre isso. Por isso quis chamar a novela de ‘A Vida da Gente’.

Como você definiria o seu estilo?
Tenho um gosto pelo que é humano, pelo bastidor, pelo o que se passa no íntimo de cada um. Um gosto pelo privado.

Como surgiu a ideia da novela?
É difícil definir. Ano passado tive a notícia de que duas pessoas que haviam trabalhado comigo entraram em coma. Talvez pensando nessas pessoas, tenha sido capturada pelo tema. O coma tem um caráter emblemático, parece estacionado na fina fronteira entre a morte e a vida. E eu diria que o coma (ou a volta do coma, e reencontrar sua vida seguindo sem você), é o eixo central da novela... Em volta deste eixo, procurei construir uma espécie de ‘crônica’ das relações familiares atuais. São situações de família em trânsito. Não a família como uma noção estática. Famílias que se decompõem e se recompõem, buscando encontrar um novo equilíbrio a partir do afeto. Personagens ‘novos’, ou que estamos começando a conhecer e experimentar agora em sociedade: mulheres provedoras; homens domésticos; crianças terceirizadas; recasamentos; sexualidade na terceira idade; pais adotivos; pais biológicos; reprodução assistida, enfim...

Em seu ensaio biográfico sobre a escritora Clarice Lispector (‘Era uma vez: eu – a não-ficção na obra de Clarice Lispector’/Ed. UFJF/2003) você afirma que Clarice compôs uma espécie de relato ‘autobiográfico’ através de sua ficção.  Você diria que isso acontece com suas histórias também?
Eu diria sim, que costumo beber da minha fonte. Ou, como diria Tolstoi ‘para ser universal, fale da sua aldeia’...  E minha aldeia mais profunda é a aldeia familiar. Extraio muita coisa daí. Acredito mesmo que o que você esconde em seu íntimo, muitas vezes o que você não confessa aos outros, algo que te envergonha, nossas pequenas inabilidades ou fracassos, tudo isso é ouro na sua ficção. ‘A História de Nós Dois’, texto meu em cartaz há dois anos e meio, tem muito a ver, por exemplo, com minha experiência como mãe, mulher e profissional, e com a dificuldade de lidar com estas três “funções” ao mesmo tempo...

Como você define a novela?
O escopo da novela é a família que, há tão pouco tempo, se pensarmos historicamente, há pouco mais de 50 anos, era algo rígido, imutável: um pai, uma mãe, filhos, um cachorro... Há muito pouco tempo era um tabu romper essa estrutura. E hoje o que temos: lares desfeitos e refeitos, crianças de diferentes sobrenomes convivendo debaixo do mesmo teto, mães e pais solteiros, enfim, mil formas de configuração familiar possíveis... E quis trazer para o centro da ficção o que estamos experimentando hoje... Penso que, quando falta a tradição, é o amor que legitima todos os laços...

É uma novela tradicional?
Inteiramente. Embora aborde novas configurações em família, a novela segue uma estrutura tradicional, clássica, sem nenhuma pretensão de inovar coisa alguma. Ao contrário. Nela pago um tributo a tudo o que me formou e a que assisti a vida inteira. ‘A Vida da Gente’ é um melodrama tradicional.

O que é família pra você?
Família é o teu mapa. A conexão que te funda e te sustenta no mundo. É algo fundador de quem você é. Porém, para além dos laços sanguíneos, penso que o que prevalece são as verdadeiras trocas estabelecidas com quem te enxerga, te percebe, te acolhe, te respeita. Isso é família para mim.

Fonte: Rede Globo

5 comentários:

  1. Ilustríssima Lícia Manzo,

    Grande parte da nossa sociedade ainda não sabe que o exame para o livre exercício da profissão da advocacia é completamente feito e avaliado pela OAB, sem qualquer fiscalização do estado, sendo que a OAB cobra R$200,00 pela TAXA de inscrição em cada exame, a totalizar mais que a Mega Sena acumulada (Média setenta milhões de reais por ano) e quanto mais a OAB reprova, mais ela recebe com a taxa de inscrição.

    Os dirigentes da OAB acusam de despreparados os Bacharéis em Direito, mas na realidade, eles são vítimas do poder da OAB que afronta o direito constitucional da igualdade, e até legisla sobre “condições para o exercício de profissões” (CF. art. 22, XVI) por intermédio do seu mero Provimento que afronta o art. 84, IV da Constituição Federal, mas em vez de defender JURIDICAMENTE o inconstitucional exame, os dirigentes da OAB estão a atacar as pessoas que demonstram que o exame da OAB é inconstitucional.

    Sabemos que o motivo dos ataques é para que a OAB não perca o seu faturamento de mais ou menos R$70.000.000,00 ao ano com o nefasto exame – basta ter conhecimentos das provas do exame, preparadas para reprovar em massa e não para testar a qualificação profissional, competência essa, que não é da sua alçada, visto que o exame da OAB afronta os artigos 5º, II, 22, XVI, 84, IV, 170, 205, 207 e 209, da Constituição Federal, sendo que, para perceber a inconstitucionalidade do exame da OAB nem é necessário ter conhecimentos jurídicos para perceber a violação do direito constitucional da igualdade, porque não existe esse nefasto exame para os médicos, engenheiros, etc,.

    O Exame da OAB já foi declarado inconstitucional, por Juízes de Direito, pelo TRF5 e pela PGR, no STF/RE 603583/RS.

    Foi lançado do livro ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE DO EXAME DE ORDEM, de autoria do honrado Desembargador Vladimir Souza Carvalho, Ed. Juruá.

    Recentemente, foi criada a rede social BACHARÉIS EM AÇÃO http://fimexameoab.ning.com/ para dar respaldo ao MNBD e a todos que lutam contra o inconstitucional exame para que a sociedade conheça as verdades sobre as mazelas do exame da OAB, que está a causar doenças, desavenças familiares e até suicídios.

    Esperamos consideração pela causa dos Bacharéis em Direito (vítimas da ganância da OAB), com os melhores e mais respeitosos cumprimentos.

    Lene Cezar

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  2. Parabéns senhora Lícia Manzo pela iniciativa em explorar um tema que corrói a vida de milhões de Bacharéis por todo o Brasil, o nefasto e inconstitucional exame de ordem.

    Espero que a senhora possa através dessa novela mostrar a realidade nua e crua do Bacharel que após a formatura descobre que não pode trabalhar na profissão, e pior sendo perseguido pela oab, pela sociedade e pela própria família!

    É um absurdo nesse País, vê fatos assim, onde a entidade de classe que deveria nos preservar é a primeira a nos trair tentando passar para a sociedade que Bacharel é sinônimo de incompetência, de falta de estudo, de preguiça! Tentando manobrar a sociedade com o argumento de que se todo Bacharel puder advogar, o Brasil vai virar um caos sobre a influência de processos e da baixa qualidade nos profissionais, refletindo de forma direta na sociedade. Pasmem cara Lícia, como a oab pode fazer previsões futuras? Bacharel é sinônimo de incompetência? Como podem fazer previsões sem nem ao menos ter base de quantos advogados vão necessariamente querer a carteira? De quantos advogados hoje com carteiras na mão fazem falcatruas, participam de corrupções nesse mundo afora? E a oab faz o que? Como posso eu Bacharel em Direito recém formado sem grana, gastar R$200,00 reais em provas? Quem paga essa conta para mim? Como pode a oab tirar conclusões precipitadas e infundadas e com isso jogar em rádios e TV´s mundo afora relatando que isso tudo é verdade sem ao menos deixar a gente se defender?

    Para milhões de Bacharéis não é apenas uma novela, é mexer com a vida de pessoas que estão há muitos anos em busca de trabalho, de exercer a profissão escolhida, de satisfação e realização profissional. É viajar entre o antes e o depois quando isso tudo terminar.

    Cara autora lhe desejo sorte e muito material de consulta para mostrar a realidade de forma transparente e não sob a ótica dessa nuvem carregada chamada oab.

    Abraço
    Alisson

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  3. Lícia, parabéns!
    Quando digo parabéns, isto reside no fato concreto daquilo que sua A Vida da Gente começou, continua e projeta para a vida da gente ─ nós, os que a temos assistido.
    E perdoe a comparação, até porque, inicialmente ela foi sua: para a qual entendo não haver a mínima compatibilidade entre Cordel Encantado e Morde e Assopra com a sua A Vida da Gente. Porquanto naquelas duas ─ me perdoe ─, se ignorou tudo o que é racional, moral e justo; como o horário exige, quando, diferentemente o que se viu nelas foi um mar de sandices: jurídicas, humanas, morais e lógicas; à agredir o principal público do horário, cuja faixa etária demanda plena coerência didática e moral quanto a tudo o que se veicula.
    Lícia permita-me lhe pedir que mantenha o nível atual da sua A Vida da Gente, na sua: Didática moral, coerência jurídica e humana e, sobretudo útil ao publico do horário (também a nós marmanjos)... Não deixe que a influência daqueles que estão acostumados com o indigesto cardápio atual ─ da pseudo audiência, que ao seu tempo saberá identificar o que é de melhor qualidade ─, nos impeça de continuar a receber essa alimentação cultural de bons nutrientes e ótimo sabor que sua pessoa está nos servindo.
    P.S.: Perdoe a intromissão masculina no lindo mundo feminino do Blog, e aproveito para sugerir a leitura dos meus treze atuais (cada um de assunto específico), com atenção ao: REAL EVOLUÇÃO DA FEITURA DA OBRA DOM CASMURRO, endereço ─ www.verdadedomcasmurro.blogspot.com .
    Atenciosamente JORGE VIDAL

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  4. Amo a novela, mas a Ana tem que ficar com o Lucio, nao da para deixar para traz uma pessoa sensivel, madura, equilibrado para viver um amor adolecente... tudo bem que ela nao vivel, mas tudo passa ninguem morre de amor. Acho o personagem do rodrigo muito imaturo, romantico demais nada pe no chão.

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  5. Essa novela foi um ensinamento pra quem assistiu, queria, de coracao, agradecer a Licia Manzo por esse prazer diario que ela nos proporcionou com sua sensibilidade e definicao impecavel de familia...
    Família é o teu mapa. A conexão que te funda e te sustenta no mundo. É algo fundador de quem você é. Porém, para além dos laços sanguíneos, penso que o que prevalece são as verdadeiras trocas estabelecidas com quem te enxerga, te percebe, te acolhe, te respeita. Isso é família para mim.
    A cada dia era uma nova emocao que comovia a gente, tudo tinha uma sabedoria especial, a avo Ina era uma bencao na vida de quem convivia com ela...aprendemos muito , foram 6 meses de aprendizagem e sabedoria, obrigada!

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