sábado, 17 de setembro de 2011

Regina Duarte é uma "baliza" em "O Astro"


Por conta de seus exageros, a interpretação de Regina Duarte em “O Astro” tem sido objeto de muitos comentários, em sua maioria negativos. A sua Clô Hayalla, de fato, chama a atenção pelo excesso de caretas e trejeitos. Entendo, porém, que o tom escolhido para a atriz é um dos elementos que garantem o sucesso desta versão da novela.

Como se sabe, na sua primeira exibição, em 1977, “O Astro” conquistou o país por conta do mistério em torno da morte de Salomão Hayalla e, não menos importante, pelo texto escandalosamente dramático de Janete Clair e pela direção explicitamente exagerada de Daniel Filho.

“Nesta novela, trabalhei com o kitsch”, ele conta em seu livro des memórias, cujo título, “Antes Que Me Esqueçam”, é igualmente grandiloquente. “Eu realmente queria apelar, e procurei fazer dos árabes uma coisa bem extravagante, bem kitsch”, diz Daniel Filho.

A nova versão, escrita por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro e dirigida por Mauro Mendonça Filho, atualiza a trama com muita competência, mas também reverencia Janete Clair e Daniel Filho em vários aspectos.

Vejo a interpretação de Regina Duarte como uma espécie de referência para os demais atores. O seu exagero seria o ponto máximo permitido, abaixo do qual todos os demais devem encontrar o seu tom.

A exagerada Clô, desta forma, é uma espécie de baliza, que ajuda tanto os atores reconhecidamente talentosos, como Marco Ricca (Samir), Rosamaria Murtinho (Magda) ou Antonio Calloni (Natal), quanto aqueles mais inexperientes, como Rodrigo Lombardi (Herculano), Thiago Fragoso (Marcio) e Alinne Moraes (Lili) a encontrarem os seus respectivos “lugares” na constelação kitsch de “O Astro”.

O único ator da trama que, a meu ver, erra o tom em algumas cenas e ultrapassa o limite do exagero dado por Regina Duarte é Humberto Martins, como o Neco.

Fonte: Mauricio Stycer, do UOL

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