sábado, 17 de dezembro de 2011

Maria Adelaide Amaral fala sobre "Dercy"


Nascida em Portugal e radicada no Brasil, Maria Adelaide tem no currículo peças teatrais, novelas e minisséries memoráveis. Ela nasceu na cidade de Porto, em 1945, e aos 12 anos veio com sua família para o Brasil, para a cidade de São Paulo, onde cursou Jornalismo na Fundação Cásper Líbero. Por dezesseis anos trabalhou na Editora Abril, até que começou a escrever suas primeiras peças. Começou na televisão em 1990, convidada por Cassiano Gabus Mendes para co-escrever a novela ‘Meu Bem, Meu Mal’ Seu primeiro trabalho como autora titular foi um remake da obra de Cassiano, ‘Anjo Mau’, em 1997. Entre outros trabalhos, foi responsável pelas minisséries ‘A Muralha’ (2000), ‘Os Maias’ (2001), ‘A Casa das Sete Mulheres’ (2003), ‘Um Só Coração’ (2004), ‘JK’ (2006), ‘Queridos Amigos’ (2008) e ‘Dalva & Herivelto’ (2010). No mesmo ano, Maria Adelaide voltou às novelas com ‘Ti Ti Ti’, uma homenagem a Cassiano Gabus Mendes, autor que a trouxe para a TV.

Você lançou “Dercy – DE CABO A RABO”, a pedido da Dercy. Como foi esse convite?
Eu conheci Dercy num almoço, na casa do Homero Kossak, que era amigo dela desde os anos 50. Conversamos longamente e Dercy comentou que o Boni sempre quis oferecer a ela a biografia, mas ela ainda não tinha aceitado porque não achava a pessoa para escrever: “Eu não gosto de intelectual, mas você é diferente, podia ser a minha filha”, e propôs que eu escrevesse.  Sinceramente, eu achei que era uma conversa de almoço, mas três dias depois o Boni me ligou e reiterou o convite. Eu aceitei, e quando terminei de escrever ‘Sonho Meu’ (1993), passei 15 dias na casa dela, gravando e escrevendo. Disse a Dercy que colocaria a história em primeira pessoa, ela gostou tanto que achou que tinha sido realmente ela que havia me ditado o livro.

Como surgiu a ideia de transformar a obra em minissérie?
Essa história sempre ficou na minha cabeça. Primeiro, eu tinha receio de que ela fosse esquecida. Segundo, eu não queria que ela passasse para a história como “aquela velha que só falava palavrão”. Eu queria mostrar a Dercy que quase ninguém conhece, a Dercy de verdade.

Se você tivesse que definir a minissérie em poucas palavras, diria que ela é sobre o quê?
Sobre uma grande mulher! E tem uma coisa na Dercy que é espetacular: ela amava o público e era amada por ele. Tinha muito grã-fino que ia escondido assistir aos espetáculos da Dercy. O povo brasileiro, do norte ao sul, amava a Dercy e ria com ela. Dercy foi um elemento de integração nacional, se é que podemos dizer isso.

Você chegou a conhecer Dercy pessoalmente. Quanto dessa relação entrou na minissérie?
Eu acho que a conheci bastante bem. Conheci, inclusive, um lado que ela procurou negar, não que ela admitisse para mim, mas eu senti. Ela dizia que nunca foi apaixonada, mas ela foi. Admiro a dignidade que ela tinha de sair de cena antes de ser mandada embora. Isso ficou muito claro e eu me identifiquei totalmente. Algumas coisas que escrevi jamais poderiam estar lá se eu não tivesse convivido com ela.

Você participou da escolha do elenco?
Sem dúvidas, teve minha benção total! A grande estrela dessa minissérie vai ser a própria Dercy, mas Lolô e Fafy vão brilhar!

Fafy Siqueira interpretou Dercy em ‘Dalva & Herivelto’ e também no teatro. Você destaca alguma semelhança entre as duas atrizes? Quais?
A Dercy gostava muito da Fafy! Certa vez ela me ligou e disse: “Olha, Fafy quer fazer uma peça sobre mim. Eu falei para ela te procurar porque eu acho que você é quem deve escrever”. Nossa parceria começou ali.

Heloisa Perissê é uma atriz voltada para as produções de humor. E a minissérie pretende abordar um lado dramático de Dercy. Como você visualiza a atriz no papel?
Heloisa vai deitar e rolar! O grande comediante em geral é um excelente ator dramático. Difícil é o contrário, nem sempre um ator dramático consegue fazer comédia.

Depois de Ti Ti Ti, como é repetir a parceria com Jorge Fernando. Como é trabalhar com ele?
É ótimo, gosto muito de trabalhar com o Jorge. Quando um autor e diretor realizam um trabalho juntos, é como num casamento. E nós somos muito felizes!

Fonte: Rede Globo

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