terça-feira, 19 de junho de 2012

SBT versus Record : alugam-se boias


Um homem estava se afogando no mar.
A maré estava alta. As ondas o engoliam.
Rapidamente, um salva-vidas se aproximou para resgatá-lo, mas o homem (cuspindo água) repeliu-o, dizendo:
- Saia daqui! Posso me salvar sozinho!
Confuso, o salva-vidas replicou:
- Mas o senhor está se afogando!
O homem empertigou-se o máximo que pôde, fez uma careta zangada, e respondeu:
- Sei disso, seu idiota! Por isso vá chamar um professor de natação! E um dos bons, pois precisarei aprender depressa!

***

Autossuficiência.
No mar, ela mata.
Na TV, ela derruba.
A Record tem cuspido alguns litros d’água enquanto aprende esta lição.
Assim como o homem afogado, a emissora tem pagado o preço de confiar excessivamente em si mesma.
Em seu caminho da liderança, sobrou preparo, mas faltou técnica.
Houve qualidade. Mas esta foi vencida pela instabilidade.
A Record nadou...
Mas se esqueceu das ondas.
E hoje, afogando-se, insiste em não pedir ajuda.
Debater-se parece ser mais eficaz.
Precipitação e imediatismo são usados como bóias.
E, mesmo percebendo que estas estão furadas, a Record insiste em sorrir e acenar.
Há um salva-vidas chamado público.
Poucos percebem que ele é tão dependente da TV quanto esta é dele.
Telespectador e emissora possuem um relacionamento.
E quando uma das metades ameaça ir embora, a outra faz de tudo para convencê-la a ficar.
A Record tem o público nas mãos.
Tem competência para mantê-lo.
Dinheiro para comprá-lo.
Mas... Onde achar carisma para cativá-lo?
Em meio à crise, o relacionamento se esfria.
O público estende as mãos, mas a emissora, inexplicavelmente, não aceita a ajuda.
Abandona regras, à procura de fórmulas.
Perde o mês, preocupando-se com o dia
Despreza pessoas, preocupando-se com números.
A Record exibe seu diploma de bom nadador, embora há muito tenha se esquecido do que aprendeu nas aulas...

***

Não pense, porém, que afogamentos são exclusividade da Barra Funda.
As ondas também atingem a Anhanguera.
Se no SBT sobra humildade, falta estratégia.
Muito zombam do caminho da liderança idealizado pela Record, mas ela merece aplausos por ter tido coragem de traçá-lo
"Pior do que quem tropeçou é quem assistiu à queda alheia sem sequer se levantar".
No SBT, o professor de natação atende pelo nome de Silvio Santos.
Ele ama seus salva-vidas, mas se recusa a dar-lhes um aumento.
Se Silvio fosse dono de uma funerária, ele, e não a família enlutada, é que marcaria o horário dos enterros.
Centralizar decisões está no DNA desse homem vencedor, acostumado desde jovem a só confiar em si mesmo.
A autossuficiência da Record é orgulhosa. A do SBT, comodista.
A primeira finge que está tudo bem. A segunda pensa que está tudo bem.
Ambas possuem tesouros em sua grade, mas não aprendem a lidar com eles.
A Record os penhora.
O SBT os tranca num cofre.
Muitas diferenças, que se unem numa triste coincidência:
Ambas se afogam no final...

***

Eis a disputa pela Vice-Liderança no Ibope.
Ambas a tem na mão, mas permitem que ela escorra pelos dedos.
De um lado, uma diretoria orgulhosa. Do outro, uma submissa.
Não se engane achando que há um vencedor.
Os últimos dias de triunfo do SBT são tão estáveis (sic) quanto o foram os últimos anos de triunfo da Record.
A maré está alta. Salve-se quem puder...

***

Ser salva-vidas não é nada fácil, não é?
Que seu controle remoto seja seu colete.
Mas que você seja corajoso o bastante para lançar-se na água e apoiar sua netade favorita...

***

Ela está lá.
A Líder.
Sorrindo tranquilamente e bebendo água de côco.
O mar é dela. Ela o comprou.
Sua posse, porém, é ilegal e ela pode perdê-lo a qualquer momento.
Mas quem disse que alguém se levanta para derrubá-la?
Uma a imita. A outra a ignora.
E no final, vence quem comeu a carne e deixou que os cães brigassem pelos ossos.
Simples assim.
Plim Plim.

Autor: Arthur Vivaqua

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