segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Gloria Perez comenta os desafios da novela na atualidade


Depois de tanta movimentação em torno do final de “Avenida Brasil”, mais uma novela das 21h terá início nesta segunda-feira (22). Trata-se de “Salve Jorge”, folhetim de Glória Perez, que abordará, entre outros temas, o tráfico de pessoas e a pacificação de favelas.

A autora contou como surgiu a ideia dessa história. “A ideia surgiu da minha emoção de assistir a retomada do Alemão, o resgate daquela população que durante gerações viveu oprimida pelo poder do tráfico”, disse.
Glória Perez comentou também do desafio de escrever uma novela nos tempos atuais: “Cada época tem interesses diferentes, problemas diferentes, perspectivas diferentes. E as novas tecnologias vão introduzindo novas possibilidades de conflitos”.

Questionada sobre o que um folhetim necessita para conquistar público, a autora é direta: “Um pouco de tudo: amor, emoção, humor, suspense. Precisa surpreender”. Confira a entrevista:

Como está a expectativa para o início de mais uma novela das 21h na Globo?
Hoje vi o “copião” do primeiro capítulo: é bom demais ver todo aquele trabalho de pesquisa, as horas dedicadas a escrever os capítulos, tomando forma real! Estou feliz com o resultado.

Escrever novela hoje em dia é diferente, com mais concorrência e uma sociedade que mudou muito nos últimos tempos? No que, exatamente, é diferente?
Com certeza é diferente. Cada época tem interesses diferentes, problemas diferentes, perspectivas diferentes. E as novas tecnologias vão introduzindo novas possibilidades de conflitos, embora os sentimentos básicos dos seres humanos continuem os mesmos. Por outro lado, hoje as pessoas têm cada vez mais opções de diversão: a internet, as TVS a cabo, etc.; e isso nos obriga a procurar temas e maneiras mais atraentes de abordar os velhos conflitos.

Como surgiu a ideia de escrever "Salve Jorge" e os temas que a novela abordará?
A ideia surgiu da minha emoção de assistir a retomada do Alemão, o resgate daquela população que durante gerações viveu oprimida pelo poder do tráfico. Acredito que nenhum brasileiro tenha deixado de se emocionar quando nossa bandeira foi fincada ali. Guerreiros era a palavra que definia aquela gente que conseguiu sobreviver e manter a esperança em condições tão difíceis. Quando a gente pensa em guerreiro, pensa no mito de São Jorge. São Jorge nasceu na Capadócia, e eu precisava de um país estrangeiro para contar uma história de tráfico internacional de pessoas. Assim se costurou a sinopse.

E por que abordar o tráfico de pessoas na novela?
Porque é um drama terrível que acontece debaixo do nosso nariz e permanece invisível: grande parte das pessoas nem sabe que existe. A chamada "escravidão moderna" é um crime muito rentável: pra se ter uma ideia, o lucro é de 32 bilhões de dólares por ano.

Então tem como explicar rapidamente a história pra gente?
É a história de Morena, uma jovem moradora do complexo do Alemão, nascida e criada ali. Foi mãe precocemente aos 14 anos. Quando a novela começa, acontece a tomada do morro, o início da pacificação, que é feita por oficiais da cavalaria. Ela se apaixona pelo capitão Theo (Rodrigo Lombardi), que namorava, então, uma colega de farda, a tenente Érica (Flavia Alessandra). As dificuldades financeiras enfrentadas por Morena fazem com que ela aceite um emprego de três meses no exterior: assim ela se torna vítima do trafico internacional de pessoas. A novela é a sua luta para resistir e a luta de Theo para libertá-la.

Você participou da escolha dos atores para "Salve Jorge"?
Claro que sim.

Você pretende ir construindo "Salve Jorge" conforme o público for respondendo ou já há algo fechado para a obra?
Não, a novela é uma obra aberta, mas obra aberta não quer dizer sem rumo: há uma espinha dorsal muito bem definida. É claro que acompanho as reações do público. Se ele não gosta, mudo a forma de contar. O público gosta de ser surpreendido. Uma novela ou um filme que tenha um desenrolar obvio, não agrada a ninguém.

Na sua opinião, qual é a diferença de "Salve Jorge" para outras novelas de sua autoria?
É uma história completamente diferente das que eu contei antes.

Você já foi assediada por alguma emissora para sair da Globo?
Sim. E até já saí uma vez: fui para a Manchete escrever "Carmem".

Para você, o que uma novela tem que ter para ser boa?
Um pouco de tudo: amor, emoção, humor, suspense. Precisa surpreender.

Alguns autores fazem uso de mistérios do tipo "quem matou?" para alavancar a audiência e prender público. O que você acha disso?
É um recurso. Não utilizei ainda, mas é um recurso muito típico dos folhetins.

Fonte: Na Telinha

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