Gilberto Braga e Ricardo Linhares fizeram uma
experiência interessante em “Insensato Coração” (2011), em particular na
primeira metade da novela. Em ritmo que lembrou seriados americanos, muitos
personagens entraram e saíram da trama rapidamente em participações especiais
que duraram poucos capítulos.
Em entrevista ao roteirista Vitor de
Oliveira, colaborador da novela “O Astro” e autor do blog Eu prefiro Melão, Linhares
conta que a experiência provocou alguma polêmica. “Houve quem visse uma
novidade, houve quem reclamasse que esse formato não dava tempo de gerar
empatia com os personagens novos”. E acrescenta:
O nosso público está cada vez mais
conservador e imediatista, quer a trama mastigadinha para entender. Uma novela
ousada, inteligente e sensacional como “O Casarão”, do Lauro César Muniz, que
se passava em três épocas simultâneas, jamais poderia ser feita hoje. O
espectador ficaria confuso.
Acho que Linhares levanta uma grande questão
aqui, o da coragem de ousar em novelas, mas não concordo com o seu diagnóstico.
Não acho que o público esteja mais conservador.
Como o próprio autor reconhece em outro
trecho da entrevista, o espectador hoje tem mais condições de questionar as
novelas porque dispõe de muito mais fontes de informação. Pelo mesmo motivo,
também está muito mais apto a fazer comparações. Está mais esperto.
Em outras palavras, acho que quanto maior a
oferta, maior a exigência. Em todo caso, a discussão levantada por Linhares é
boa e merece ir adiante.
Em
tempo:
Linhares assinará, em 2013, no horário das 23h, a nova versão de “Saramandaia”,
escrita por Dias Gomes e exibida originalmente em 1976.
Fonte: Maurício Stycer
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