sábado, 19 de janeiro de 2013

Minisséries brasileiras, um tesouro da nossa TV

 
Chiquinha Gonzaga (Rede Globo, 1999)

Há décadas, canais de TV nacionais produzem e veiculam diversas minisséries que variam bastante de temática, orçamento, tamanho e qualidade. Quase todos nós assistimos a pelo menos uma delas, e muitas são lembradas pelos telespectadores anos após sua conclusão.

Dos canais abertos mais tradicionais como Globo, Record e Bandeirantes, até os canais por assinatura mais arrojados como a HBO Brasil (Mandrake) e a FOX (9mm: São Paulo), estas minisséries nacionais existem em quantidade abundante. Daí, destacar as melhores é um desafio ingrato, uma vez que com toda certeza várias obras de grande qualidade não serão citadas. Abaixo, apenas algumas delas:

Grande Sertão: Veredas (Rede Globo, 1985)


Adaptação da famosa obra homônima de Guimarães Rosa era tida como inadaptável até então - o livro já é algo bastante complicado de ler, extenso, denso e sem capítulos - mas a minissérie foi muito bem produzida e bem recebida pelo público, atingindo grandes picos de audiência. Como o livro, conta a a história de Riobaldo e suas andanças como jagunço no início do século XX pelo sertão de Minas, Goiás e sul da Bahia, quando tropas federais lutavam contra forças provincianas de jagunços. Aventura, vingança, amizade e amor são as temáticas principais, com um dos personagens mais emblemáticos da literatura nacional: Diadorim, interpretado magistralmente por Bruna Lombardi. Ela foi tão elogiada por seu trabalho que ganhou como prêmio o papel de protagonista na minissérie, " Memórias de um Gigolô" com o saudoso Lauro Corona. Tony Ramos e Tarcísio Meira também estavam em um dos melhores momentos de suas carreiras. Além disso, as locações usadas eram maravilhosas, mostrando as belezas do sertão brasileiro.

O Guarani (Rede Manchete, 1991)


Adaptação do clássico de José de Alencar, foi uma super produção da extinta TV Manchete que na época conquistou expressivos índices de audiência e deu a Angélica seu primeiro papel como protagonista. Conta a história de colonizadores portugueses e mercenários gananciosos em busca de prata e demais riquezas no início do séc. XVII no interior do Rio de Janeiro - próximo ao rio Paquequer - e o conflito entre eles, além do conflito do homem branco com os índios Aimorés da região, iniciados pelo assassinato de uma índia. Personagens marcantes da trama são Cecília (ou Cecí) e seu protetor e interesse amoroso, o índio Péri. A minissérie foi uma das primeiras obras da TV a ter índios reais atuando, o que, em conjunto com filmagens em locações de florestas reais, contribuiu para dar à obra o visual que apresentou.

Rei Davi (Rede Record, 2012)


Minissérie bíblica que conta a história do rei Davi, sua ascensão, lutas, pecados, arrependimentos e reabilitação junto a Deus. Foi uma super produção repleta de efeitos especiais, rodada no Brasil, Chile e Canadá. Grande sucesso, obteve a liderança dos índices de audiência por diversas vezes. Os atores fizeram muitas oficinas preparatórias, aprendendo hebraico e táticas de guerra para encenar as inúmeras cenas de batalha. Fiel às escrituras e com uma ambientação bastante convincente nos figurinos e cultura judaica da época, teve uma edição moderna e vibrante.

Som e Fúria (Rede Globo, 2009)


Com direção geral de Fernando Meirelles , Som e Fúria foi baseada em uma série canadense ( Slings and Arrows ), tenho ganho o prêmio da APCA 2009 nas categorias de melhor ator e melhor minissérie. Conta a história de uma companhia teatral em dificuldades financeiras que se esforça para montar a apresentação de uma peça de Shakespeare . Esta companhia é liderada por uma ator que, no auge de sua carreira, anos antes, sofreu um colapso nervoso durante uma grande apresentação, mas que agora tenta se reerguer. Mostrando os bastidores do teatro, as dificuldades financeiras, desinteresse do público e as reflexões e conflitos internos dos atores diante da vida e da oportunidade de interpretar uma das peças do maior autor teatral da história, além da politica cultural deficiente e outros meandros do ramo, a série ainda conta com uma produção impecável, cheia de atores exercendo atuações impecáveis e emocionantes.

Capitães da Areia (Rede Bandeirantes, 1989)


Inspirado no controverso romance de Jorge Amado, a minissérie adaptava a trama para a época contemporânea. Assim como no livro, a história se passava nas ruas e praias de Salvador, mostrando a vida de meninos de rua que eram conhecidos como "Capitães da Areia". Praticando roubos e crimes variados, eram procurados pela polícia. Ao mesmo tempo em que eram bandidos temidos, também eram apenas crianças e demonstravam as fantasias e dramas típicos da idade e da situação social em que estavam. Foi uma obra que fez os telespectadores repensarem a problemática envolvendo crianças de rua. Funcionou ainda como vitrine para alguns atores mirins que ganharam destaque anos depois, principalmente André Gonçalves.

Um só Coração (Rede Globo, 2004)


Esta minissérie foi produzida em homenagem aos 450 anos da cidade de São Paulo, e contava uma história que misturava personagens reais e fictícios, falando basicamente do desenvolvimento da cidade no início do séc. XX e do relacionamentos entre personagens históricos importantes do ponto de vista político, cultural e econômico, como Yolanda Penteado e Francisco Matarazzo Sobrinho, pessoas que anos mais tarde contribuiriam ativamente no âmbito cultural estando diretamente envolvidos na criação do MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo) e da Bienal Internacional de Arte de São Paulo . Além de mostrar o conflito de classes da época, foi uma boa oportunidade para conhecer um pouco mais toda a agitação cultural e política da década de 1920 e dos movimentos que culminaram com a Semana de Arte Moderna de 1922, de onde despontaram artistas importantes como Mário de Andrade , Anita Malfatti , Tarsila do Amaral , Oswald de Andrade e tantos outros.

Fonte: Yahoo

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