Vamos abrir a roda e dar passagem para
Sereia, a famosa cantora baiana de axé assassinada misteriosamente na nova
microssérie da Globo, “O Canto da Sereia” (4 capítulos), que estreou na noite
de terça-feira (08/01).
Para começar, salta aos olhos a presença de
atores ainda frescos em nossa memória por suas atuações marcantes em “Avenida
Brasil”. Parece que a Globo ainda está esticando o sucesso da novela do ano
passado. Ísis Valverde, Marcos Caruso, Camila Morgado e Fabíula Nascimento mal
se despediram de seus personagens Suelen, Leleco, Noêmia e Olenka para cair no
“Canto da Sereia”. O show apresentado no primeiro capítulo foi gravado em
novembro, logo após o fim da novela. A direção da microssérie é de José Luiz
Villamarim, com núcleo de Ricardo Waddington, os mesmos da trama de João
Emanoel Carneiro.
E a grande diferença entre os personagens da
novela e os da microssérie é gritante. Ísis Valverde, por exemplo, apresentou
uma Sereia intensa, enigmática e com ar pueril que nem de longe lembra a
periguete do Divino. O elenco e a direção segura foi o ponto alto desta
estreia. Atores à vontade em seus personagens, com destaque para as
interpretações de Ísis Valverde, Marcelo Médici, Fabíula Nascimento, Camila
Morgado e João Miguel.
Também é impossível não lembrar a novela
“Cheias de Charme”, outro grande sucesso da Globo do ano passado. Mas existe um
bom distanciamento entre as personagens cantoras. Sereia está muito bem calcada
no estereótipo das cantoras baianas, e em nada lembra a caricatura technobrega
de Empreguetes ou Chayene.
O thriller policial a que se propõe “O Canto
da Sereia” recebeu um tratamento à altura na fotografia de Walter Carvalho e na
direção ágil de José Luiz Villamarim. O flashback, um clichê do policial
audiovisual – que tanto pode ajudar a contar a história quanto atrapalhar no
entendimento – por enquanto não incomoda.
As frases de efeitos também chamaram a
atenção. Como a do marqueteiro Tuta Tavares (Marcelo Médici) ao falar dos
jornalistas “Só existe dois tipos de jornalistas: o irrelevante e o
maledicente”. Sereia se referindo aos quilos a mais de Tuta Tavares: “Pare de
mamar nas tetas do Governo. Você vai ver como fica magrinho logo!”. Ou Sereia
reclamando de Mara (Camila Morgado) lhe apressando: “Essa mulher parece que
nasceu com um relógio no fiofó!”. E o segurança Augustão (Marcos Palmeira)
desabafando sobre a morte de Sereia: “Tem coisa que só acontece na Bahia!”.
Baseada no romance de Nelson Motta, o roteiro
para televisão é assinado por George Moura, Patrícia Andrade e Sérgio
Goldenberg, com supervisão de Glória Perez. Mas o produto final em nada lembra
o universo da novelista.
A estreia foi auspiciosa, com 22 pontos no
Ibope em São Paulo (cada ponto equivale a 60 mil domicílios na Grande São
Paulo) e muitos elogios rasgados nas mídias sociais. Foi de fato uma “noite
ardente”, como previu Sereia ao elogiar a cor de seu esmalte.
Fonte: Nilson Xavier, do UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário