No último domingo, o apresentador de TV, novo
"muso" do Instagram, rede social de fotos, entrou no ranking dos
assuntos mais comentados no Twitter ao registrar, com o seu "Programa do
Gugu", na Record, a audiência mais baixa de sua história aos domingos na
TV.
Dono de um dos maiores salários da televisão
brasileira --algo em torno de R$ 3 milhões mensais-- o homem que já liderou a
audiência dominical e foi apontado como sucessor de Silvio Santos amargou o
quarto lugar em audiência, registrando apenas 4,6 pontos.
Cada ponto equivale a 62 mil domicílios na
Grande SP.
A marca negativa rendeu a hashatg
"#DaMaisIbopeQueOGugu", com tuiteiros citando programas estapafúrdios
que teriam mais público do que o apresentador.
A
Record tentou justificar dizendo que foi um domingo atípico, com grandes jogos
de futebol na concorrência e uma premiação estelar da Globo, o troféu
"Melhores do Ano", do Faustão.
Mas não há pancake que esconda a pior crise
na carreira de Gugu Liberato desde 2003, quando seu programa no SBT exibiu uma
reportagem que trazia entrevistas com falsos integrantes da facção criminosa
PCC.
O apresentador que em 2001 ostentava uma
audiência média de 22 pontos e vencia o Faustão, assiste de casa --onde recebe
os dados do Ibope-- à sua perda de público ano a ano.
É fato que na última década todas as redes
viram a audiência minguar aos domingos e novos concorrentes surgiram, mas a
pulverização da audiência parece ter atingindo em cheio o apresentador.
Gugu, 53, migrou para a Record em 2009 com
salário milionário, contrato até 2017 e uma equipe ganhando o triplo do que
ganhava no SBT.
Com uma produção onerosa, hoje ele não só não
causa mais estragos à Globo como enfrenta derrotas consecutivas para Eliana, no
SBT. Atualmente, até o seu terceiro lugar está ameaçado.
"A meta é que ele volte a marcar dez
pontos. Gugu vai conseguir", diz o vice-presidente comercial da Record,
Walter Zagari.
"Não é o Faustão que passou a vencer o
Gugu. É o Gugu que passou a perder do Faustão", diz o empresário Alberto
Luchetti, que dirigiu o "Domingão do Faustão" na fase áurea da guerra
audiência entre os dois apresentadores, final dos anos 1990. "Ele enfrenta
hoje um grande desgaste de imagem, o que é uma pena. Gugu é um dos maiores
comunicadores da TV."
Para completar, o apresentador é ainda
prejudicado pela velho hábito das emissoras de esticar e alterar horários de
programas e pular intervalos comerciais para potencializar a audiência.
Desde a sua estreia na Record, em 2009, o
"Programa do Gugu" já foi ao ar no horário nobre, passou para a
tarde, ganhou e perdeu minutos e foi exibido por horas seguidas sem anunciantes.
"A queda de audiência reflete a troca de
horário. Eu trabalhei nos últimos anos sempre após as 18h, onde o número de TVs
ligadas é muito maior", disse Gugu à Folha. "Para reconquistar a
audiência estou tentando conquistar um público novo. À tarde, o perfil é mais
jovem."
O apresentador diz não acreditar que hoje
enfrente uma guerra de audiência mais acirrada do que a de antes. Para ele, a
TV paga e a web é que ajudaram a pulverizar o público nos últimos anos.
Isso explica também o seu recente interesse
por redes sociais como o Instagram, onde amealhou mais de 72 mil seguidores.
Sempre muito reservado, Gugu surpreendeu ao postar fotos sem camisa, malhando e
desembaçando o espelho do banheiro.
"Sempre fui resistente às redes sociais,
mas percebi que grandes artistas as estão utilizando e me rendi a essa nova
realidade", explica ele. "Acabo me divertindo. Ser 'muso do
Instagram' aos 53 anos é muito engraçado."
SEM MARTÍRIO - As recentes reformulações em
seu programa buscam a retomada da audiência. No entanto, Gugu, que era
conhecido por comandar o domingo sem tirar os olhos do monitor do Ibope, diz
que superou essa mania.
"Aprendi com o tempo que é melhor ter a
consciência de estar fazendo o melhor do que se martirizar olhando os
números", diz ele.
O apresentador, que não comenta o episódio do
PCC, diz que não se arrepende de nada em sua carreira e que os erros o ajudaram
a retomar o caminho correto. Também não fala sobre o seu salário. Estima-se no
mercado que fique atrás apenas do de Faustão, que ganha cerca de R$ 5,5 milhões
mensais.
"Penso que você não ganha apenas pelo
seu trabalho, e sim também por sua trajetória", diz Gugu.
No auge dessa crise, há quem aposte em uma
reaproximação entre ele o antigo patrão, Silvio Santos. Conversas sobre um possível
retorno ao SBT ainda não existem, mas Gugu é claro com relação ao sentimentos
pelo canal hoje concorrente.
"Trabalhei 35 anos lá e ajudei a
construir o SBT. Eu e o Silvio Santos falamos sobre isso quando resolvi deixar
a casa. Não dá para apagar uma história", continua. "Mas, se a Record
não me quiser mais, vou me dedicar à minha produtora de TV."
Fonte: Folha
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