sexta-feira, 15 de março de 2013

O princípio, o meio e o fim de Harlem Shake


Faz pouco mais de um mês que o mundo foi inundado por um novo e, como tudo na internet, inescapável meme. Impossível que você, caro(a) leitor(a), não tenha visto alguma versão do “Harlem Shake”, mesmo que depois tenha pensado cá com seus botões porque as pessoas estavam fazendo esse fuzuê todo.

A história começou mais ou menos assim. Baauer, um jovem DJ norte-americano nascido Harry Rodrigues, lançou em maio do ano passado a música “Harlem Shake”, mas ninguém deu a mínima pelota para esse batidão eletrônico que não tinha nenhuma relação com a dança de mesmo nome surgida no início dos anos 1980. Daí que o tempo passou e no final de janeiro deste ano, o comediante Filthy Frank pegou um trecho de quase 20 segundos da música, fez uma coreografia maluca com amigos e colocou como o início da compilação “Filthy Compilation #6 – Smell my fingers”. O viral estava quase pronto.

Três dias depois, apenas três dias depois, cinco moleques australianos autoproclamados The Sunny Coast Skate chegaram lá e definiram o formato que se espalharia pelo mundo com a mesma velocidade fatal da gripe espanhola. O vídeo tem apenas 30 segundos. Na primeira metade apenas um integrante do grupo dança ao som de “Harlem Shake”, e este usa um capacete, então acontece um breque na música, um corte seco no vídeo, e de repente todos começam a dançar dos jeitos mais nonsense possíveis. Pronto, o estrago estava feito.

No texto “Um artista desconhecido no topo da parada da Billboard”, o jornalista Alexandre Matias afirma que o vídeo “virou uma pérola de humor nonsense da internet. Justamente por isso pegou. E, como outros, começou a ser citado, referido, misturado. E o ‘do the harlem shake’ convidou as pessoas a fazerem seu próprio ‘Harlem Shake’. O resto é história”.

Essa combinação explosiva de dança, humor, simplicidade e tudo isso em apenas 30 segundos fez nascer versões como a do exército norueguês, os jogadores de basquete do Miami Heat e os mergulhadores da equipe da Universidade da Georgia, além de incontáveis compilações. O Brasil, claro, também deu sua contribuição e teve desde o Programa do Ratinho e o Programa da Eliana, passando por manifestações em Indaiatuba e na Avenida Paulista, até montagens com clipe de “66” da banda O Terno, o caos do transporte público em São Paulo e evangélicos rodopiando. E também compilações nacionais e até uma versão com letra em português (“Harlem Tcheka”) feita pelo Bonde do Rolê. Mas nada, em nenhum lugar, chega próximo da habitual genialidade d’Os Simpsons.

Claro que os mal humorados de plantão acham que por causa dessa febre o mundo vai acabar (mais uma vez). Não conseguem enxergar como um vídeo desses amplia o vocabulário de imagens e referências da cultura pop mundial. É uma Luisa Marilac, um “Gangman Style”, um “David after dentist”, coisas que passam, mas também deixam seus rastros.

De uma forma ou de outra, o sonho “Harlem Shake” está prestes a acabar, tanto que Rubinho Barrichello fez o seu no casamento de Tony Kanaan, mineiros australianos foram demitidos após colocarem sua versão no YouTube e russos foram presos após dançarem em um Memorial da Segunda Guerra. Por outro lado, Baauer está sendo processado por Hector Delgado e Jayson Musson por terem sampleado suas vozes (“Com los terroristas” e “Do the Harlem Shaker”, respectivamente) e ainda cometeu a burrada de brigar com uma estrela em ascensão, a rapper Azealia Banks, por causa de seu remix da música, quando deveria se sentir prestigiado.

Fonte: Yahoo

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