Tenho comentado com amigos jornalistas e
profissionais de TV que a Record - ao mesmo tempo em que se mostra disposta a
chegar ao primeiro lugar, copiando em tudo a líder - coloca os dois pés na
lama, quando quer apelar, em busca de audiência fácil. É preciso se decidir:
quer ser Globo, com qualidade tecnológica e de acabamento, regularidade de
horários (respeito ao telespectador) ou quer ser RedeTV!, com o que há de mais
trash em nossa televisão aberta atualmente.
Um exemplo clássico disso é o “Balanço Geral”
(o programa está “na boca do povo” por conta do fenômeno Marquinhos),
comandando por Geraldo Luís na hora do almoço. Indigestão certa! O que é
aquilo? Jornalismo, show ou horror? Ou tudo junto e misturado? Diria o outro:
“se cobrir vira circo, se cercar vira hospício”. Não questiono o trabalho do
profissional (apresentador), mas o conjunto da obra, o fato de se prestar a
esse papel.
Pior saber que esse tipo de atração se
alastra pelo interior do Brasil, principalmente Norte e Nordeste (bastam alguns
vídeos na Internet para comprovar o que estou dizendo), servindo de palanque
para apresentadores demagogos, que se acham donos da verdade e adoram fazer
tipo - encenações das mais forçadas e bizarras -, se exaltar e destilar todo
tipo de hipocrisia. Enquanto isso, repórteres desrespeitam entrevistados,
forçam situações, são tendenciosos e muitas vezes preconceituosos. E tem os
mais desavisados que os acham “os caras”.
Temos que encarar Geraldo tentando, sem
sucesso, fazer graça ao lado do anão Marquinhos (sem timing, bem sem graça, não
vejo nada demais...) e de um galo no cenário (batizado de William). Por essas e
outras, não é possível enquadrar um negócio desses na categoria jornalismo. Se
bobear, entretenimento com pitadas jornalísticas (prioritariamente as mais
sensacionalistas). Casos de fantasma, coisas do além e por aí vai... Se em uma
metrópole como São Paulo é assim, imaginem por aí afora.
Misturar jornalismo e show não é novidade
(como diria Silvio Santos, "quanto vale o show"?). Há países em que
as notícias (da política, da economia etc.) são transmitidas enquanto as
apresentadoras tiram a roupa, assim como a previsão do tempo. O próprio “CQC”,
da Band (cujo original é argentino – “Caiga Quien Caiga” - e vem dando a volta
ao mundo) é um exemplo. No México, existe há anos o matinal “El Mañanero”,
comandado por Victor Trujillo (conhecido como Brozo).
A diferença para Geraldo Luís e seu “Balanço
Geral” (a própria Record tem versões locais do programa) é que Brozo - mesmo
com as palhaçadas, as assistentes com pouca roupa e todo o circo armado – faz
de “El Mañanero” um programa de prestígio e é uma das figuras mais importantes
da TV mexicana. Com cara pintada de palhaço, coloca o dedo na ferida discutindo
questões sociais e políticas (em entrevistas e debates), com doses ácidas de
humor e ironia. Senadores já chegaram, inclusive, a pedir que o tirassem do ar.
Aqui, Geraldo fica no teatrinho raso e nem
precisa pintar a cara diante do mau gosto de reproduzir, por exemplo, o drama
das vítimas da boate Kiss (incendiada em Santa Maria/RS) com direito à fumaça
cênica (gelo seco) e um clima macabro. Pra que? Fala, fala e não vai pra lado
nenhum. Nós é que ficamos com aquela sensação de “vergonha alheia” e nos
perguntamos no final: é pra rir ou pra chorar?
Fonte: Yahoo
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