sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A carreira de Glenda Kozlowski


Há 17 anos na TV Globo, Glenda Kozlowski se tornou uma das jornalistas mais conhecidas da televisão brasileira, principalmente quando falamos de esporte – ela apresenta há vários anos o “Esporte Espetacular”.

Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, a apresentadora, que já foi atleta, revelou como e quando decidiu desistir da carreira de atriz para se tornar jornalista.

“Já tinha feito cinema, minissérie na Manchete, aulas de teatro e dança, tudo ao mesmo tempo. Mas acabei apaixonada pelo jornalismo, envolvida pelas entrevistas, pela edição, por todo o processo”, disse.

Entre outros assuntos, ela comentou a respeito da histórica edição do “Esporte Espetacular” do dia 27 de janeiro, quando aconteceu a tragédia de Santa Maria.

“Foi uma loucura, uma tristeza enorme. Ficamos no ar das 10h às 13h falando praticamente só sobre isso. A cada instante, o número de mortos crescia”, explicou.

Glenda também falou sobre seus parceiros de "Esporte Espetacular", Ivan Moré e Tande.

Confira a entrevista na íntegra:

Quando e como surgiu o convite da Globo para você virar jornalista da emissora?
Depois de morar uma temporada na Flórida, voltei ao Brasil em 1996 e participei de um processo seletivo na Globo para a gravação de um piloto do ‘Esporte Espetacular’. Algumas semanas depois recebi a grande notícia: estava contratada!

E por que você desistiu do sonho de ser atriz para seguir a carreira de jornalista?
No mesmo ano em que eu apresentava o programa ‘360 graus’ no SporTV (na época, ainda TopSport), participei de muitos testes como atriz. Já tinha feito cinema, minissérie na Manchete, aulas de teatro e dança, tudo ao mesmo tempo. Mas acabei apaixonada pelo jornalismo, envolvida pelas entrevistas, pela edição, por todo o processo. Comecei a trabalhar na área em 1992, no ano das Olimpíadas de Barcelona, quando acompanhei de perto a preparação de diversos atletas brasileiros para a competição, o que foi muito encantador e desafiador para mim. Eu me identificava muito com as histórias, já que o universo esportivo é muito próximo do que eu vivi a vida toda.

Aí se apaixonou...
Fiquei fascinada em acompanhar todo o processo de uma reportagem e posso dizer que foi nesse momento que eu escolhi, de fato, a minha profissão.

Você concorda que as coisas aconteceram muito rapidamente na sua carreira na televisão, já que, logo depois de contratada pelo SporTV, você já estava fazendo trabalhos em programas da Globo?
Não foi rápido, não. Eu comecei dando entrevistas, como atleta, e depois era chamada esporadicamente para fazer alguns comentários na Globo. Cheguei a gravar um piloto em 1991, mas não fiquei. Era uma menina, tinha acabado de ser tetracampeã mundial de bodyboard aos 16 anos. No ano seguinte, em 1992, me chamaram para o TopSport, atual SporTV, e quatro anos depois fui para a Globo. Entre um e outro, foram muitas entrevistas, muitas horas nas ilhas de decupagem e edição, muitos amigos me ensinando como contar história e fazer televisão. Essa profissão tem isso de bom: estamos sempre aprendendo e precisando nos reciclar, observar. A inquietação é a nossa melhor amiga.

Qual é a diferença profissional da Glenda de hoje para aquela de 10 ou mais anos atrás?
A maturidade no olhar, a inquietação no coração e a agenda repleta de nomes e telefones, além de muitos amigos.

Você já deu uma entrevista revelando que gostaria de cobrir uma guerra. Por quê? Isso a desafiaria como jornalista e pessoa?
Seria um desafio pessoal, já que, como jornalista, somos desafiados todos os dias, ainda mais quando fazemos um programa ao vivo.

Mas ainda dá um frio na barriga antes de entrar ao vivo? Como é a sensação para uma jornalista experiente, como você?
Sempre dá um friozinho na barriga e isso é muito bom. Fazer algo na vida que nos emociona é um privilégio. Posso dizer que, no início, o frio na barriga era de nervoso e hoje é de emoção, por fazer o que amo há tantos anos, e de autocobrança, em dar a informação certa, da melhor forma para quem está em casa, assistindo.

No "Esporte Espetacular", você trabalhou ao lado de Tande. Como foi apresentar o programa com ele? O que pensa sobre o ex-jogador de vôlei? Acha que ele tem potencial pra seguir nesta área?
O Tande é um grande amigo, um ex-atleta como eu. Trabalhar com ele foi excelente e ainda é, já que ele faz parte da nossa equipe e se dedica ao que mais gosta: reportagens com grandes ídolos do esporte, como ele.

Recentemente, Tande deixou o "Esporte Espetacular" e deu lugar a Ivan Moré. O que você pensa sobre essa decisão da Globo?
Em televisão, cada hora temos uma missão diferente.  Eu mesma já fiz tanta coisa! Essa é uma das vantagens da nossa profissão. O Tande agora está fazendo o que mais gosta, se dedicando a produção de matérias especiais para o ‘Esporte Espetacular’, um projeto que exige mais disponibilidade de tempo. A entrevista que ele fez recentemente com o Oscar Schmidt, por exemplo, foi espetacular!


Qual sua opinião sobre o Ivan Moré? Está gostando de apresentar o esportivo ao lado dele?
O Ivan é um querido, somos amigos desde a época em que morei em São Paulo. Acompanhei o inicio da carreira dele como repórter do ‘Globo Esporte’ de São Paulo. Ele é um excelente jornalista, companheiro, parceiro e divertido. A equipe do ‘Esporte Espetacular’ é muito unida.

No dia 27 de janeiro, aconteceu a tragédia de Santa Maria e o "Esporte Espetacular" foi o primeiro programa a cobrir o caso. Acostumada a apresentar notícias esportivas, você precisou entrar neste outro segmento do jornalismo. Como foi pra você cobrir um caso tão triste?
E esse dia ainda marcou a estreia do Ivan Moré no ‘Esporte Espetacular’. Foi uma loucura, uma tristeza enorme. Ficamos no ar das 10h às 13h falando praticamente só sobre isso. A cada instante, o número de mortos crescia e, além de toda a equipe de produção que estava nos bastidores, eu e Ivan apurávamos do estúdio também, pelo celular e tablet. Mas não foi a primeira vez que passei por isso. Outros grandes momentos importantes da história aconteceram em um domingo. Os Estados Unidos anunciaram a prisão de Saddam Hussein durante o ‘Esporte Espetacular’ enquanto eu e Tino Marcos apresentávamos o jornal.

Já que estamos falando desses momentos históricos e até tristes, se pudesse citar os três momentos mais desafiadores ou marcantes de sua carreira como jornalista, quais seriam?
São tantos... Destaco as Olimpíadas – qualquer uma, já que cobrir os Jogos Olímpicos é sempre um presentão – e a cobertura de uma Copa do Mundo. São muitos momentos marcantes, mas lembro com carinho de uma reportagem que fiz em 2003, na Pororoca, em que até peguei onda! Foi uma grande aventura ao lado dos amigos Régis Rösing, do produtor Claudio Moraes e do cinegrafista Antonio Gil. Também foi muito bom fazer o ‘Globo Mar’ e não posso deixar de citar o Carnaval, que eu amo fazer.

Dá pra ver que você ama mesmo o mar, não é, Glenda? Com tantos títulos como atleta de bodyboarding, você hoje sente falta do esporte?
Não. Sinto uma alegria enorme por ter sido atleta e hoje em dia agradeço ainda mais por ter tido uma vida dedicada ao esporte. Como ele, aprendemos lições valiosas que levamos por toda a nossa caminhada. O esporte é um grande livro sobre a vida.

Como faz para conciliar a carreira com a maternidade, já que agora tem um filho de 7 anos, além de outro com 17?
Gabriel vai fazer 18 e o Eduardo 8. É um grande barato. Equilibramos de todos os lados. Não é fácil, mas com amor, bom humor e diálogo, dá tudo certo. Sempre tive comigo pessoas maravilhosas que me ajudam muito. Sem falar no meu pai, que é o melhor avô do mundo e na minha irmã, a melhor tia do mundo. Sei que posso sempre contar com eles.

Já chegou a receber propostas de outras emissoras?
Acabei de renovar meu contrato com a Globo. Esse ano faço 17 anos de casa, 21 de profissão. E continuo feliz da vida! Faço o que gosto, trabalho com pessoas incríveis. A Globo é a minha segunda casa.

Fonte: Na Telinha

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