segunda-feira, 6 de abril de 2015

Aguinaldo Silva alfineta produções globais


Aguinaldo Silva criticou na manhã deste sábado (4) a estratégia da Globo em iniciar histórias de novelas em outros países. A emissora --na qual Silva trabalha há cerca de 30 anos-- tem adotado esse artifício com o objetivo mercadológico de divulgar culturas e as suas respectivas produções no exterior.

"O que eu acho ridículo é essa mania idiota de começar a novela no exterior, às vezes no c* do mundo, tipo Nepal, cujo único charme real, além da altitude asfixiante, é que todo mundo caga na rua", disparou Silva em texto publicado em seu blog.

A Globo realizou gravações externas de "Joia Rara" (2013) exatamente no Nepal. A trama escrita por Thelma Guedes e Duca Rachid ganhou o prêmio Emmy Internacional de "Melhor Telenovela" um ano depois.

"Eu comecei 'Império' no lugar mais 'oeste longínquo' do Brasil, no Monte Roraima, um lugar tão remoto que a gente só pode chegar lá pela Venezuela – que, por sinal, não deu visto de trabalho para o pessoal da Globo" prosseguiu o autor.

Em um infográfico publicado em sua página, a Globo contabilizava 19 produções gravadas no exterior até 2009. Uma mesma novela pode ser gravada em vários países. Foi o caso de "Viver a Vida", que teve cenas rodadas em Israel, Jordânia e França.

De lá para cá, o número cresceu de forma exponencial: atualmente no ar, "Babilônia" teve cenas gravadas em Paris, na França, e Dubai, nos Emirados Árabes. Já "Os Dez Mandamentos", da Record, teve externas no deserto do Atacama, no Chile --nesse caso, ocorreu a necessidade de se aproximar do cenário da história original.

O debate central, na verdade, foi lançado no Facebook por um roteirista, que questionou: "por que as novelas das 21h nos últimos anos são ambientadas preferencialmente no Rio de Janeiro?"

Na opinião de Silva, "a questão é que, por problemas de produção, só dá pra fazer novela no Rio, mesmo que ela se passe em São Paulo ou no raio que o parta". Segundo o autor da Globo "as emissoras paulistas é que deviam fazer novelas passadas em São Paulo. E não no México, pois aquelas Usurpadoras e outras que tais, por mais que sejam adaptadas, não enganam [a] ninguém".

"É por isso que as cidades cenográficas da Globo têm sido cada vez mais 'realistas'. O Nepal pode ser reconstruído em Curicica, Jacarepaguá [bairros da zona oeste do Rio], e para isso nem é preciso botar gente cagando na rua… Mas Paris, não. E eu volto a insistir: ninguém aguenta mais ver novela que começa na capital francesa. Até eu fui a Paris numa das minhas novelas (Duas Caras), não no começo, mas no meio e no final", disse.

O autor de "Império" não perdeu a oportunidade de cutucar também a concorrente Record.  "Por ser uma emissora carioca e ter todas as facilidades aqui é natural que a Globo apresente novelas predominantemente cariocas. Agora a Record, uma emissora paulista, instalar no Rio os seus estúdios e fazer aqui novelas 'egípcias', bem...", concluiu.

Fonte: UOL

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